terça-feira, dezembro 19, 2006

Comentário interessante sobre a Esquerda!

" A ESQUERDA PRECISA APRENDER A SE RECICLAR

Lula falou mal da esquerda, assim genericamente, e muitos caíram de pau; uns mais, outros menos incisivamente. Mas fato é que a declaração não pegou nada bem entre alguns baluartes esquerdistas.
A meu ver, o grande problema da esquerda é exatamente a existência de alguns ‘baluartes’. Toda e qualquer ideologia sempre tem suas personalidades históricas, mas os esquerdistas muitas vezes tratam suas ’sumidades’ como figuras sagradas e inatacáveis.
Esse comportamento dogmático, que trata como ‘verdade absoluta’ tudo que sai da boca ou da pena de um ‘medalhão’, e ao mesmo tempo proíbe que se lhe dirijam a mais simplória crítica, transforma o esquerdismo em uma ideologia sem muito critério.
O que é o dogmatismo? É a aceitação, sem questionamento, de um fato ou conceito; é a sacralização, o ‘axioma ideológico’. No esquerdismo, o caráter dogmático vai para além dos fatos e conceitos, atingindo também as pessoas.
Esse tipo de erro faz do esquerdista empedernido algo muito próximo de um religioso. Sua convicção ideológica, associada à forma como ele a defende e as pessoas eleitas como detentoras da ‘verdade’, faz dele muito mais um ‘religioso’ do que um idealista político. Esse tipo de esquerdista parece não ter muito compromisso com a vida prática.
Os direitistas, via de regra, são mais inteligentes. Não sacralizam ninguém, não se prendem aos maus exemplos, não se comprometem com fatos deploráveis. Eles sabem muito bem reciclar seus ‘baluartes’, de modo a manter compromisso com suas convicções, não necessariamente com fatos ou pessoas.
Pinochet é “de direita”? Pois muitos direitistas, talvez a maioria, fazem o possível para deixar claro sua discordância dos atos do ex-ditador do Chile. O mesmo vale para outros sanguinários ‘de direita’ que conhecemos ao longo da história.
Ao mesmo tempo, uma parcela considerável de esquerdistas faz toda sorte de malabarismos argumentativos para justificar as ações de Fidel Castro - e, em alguns casos, até as de Stálin.
É exatamente essa a diferença.
Enquanto uma das correntes não se compromete de forma dogmática, tendo coragem de refutar aquilo que é evidentemente errado, alguns esquerdistas tratam de sacralizar fatos e pessoas, muitas vezes se tornando contraditórios (é o caso de um esquerdista que defende Fidel, mas critica Pinochet).
Por culpa desse grupo, o esquerdismo tende a cair num ridículo sem tamanho. Passa a ser quase que uma corrente religiosa, desatrelada de qualquer compromisso com a realidade, o mundo físico, o universo das coisas reais. É pura e simples fantasia, repleta de bairrismo ideológico.
A esquerda precisa se reciclar. A esquerda precisa romper com esse dogmatismo. A esquerda precisa ser mais crítica em relação a alguns “baluartes”, deixando de lado aquela coisa de “nós” contra “eles”.
Muitos desses “medalhões” se valem dessa dicotomia para aprontar das suas. Os idealistas, mesmo sabendo dos atos obscuros de um “grande nome da esquerda”, preferem nunca falar a respeito, pois esse tipo de denúncia serve de munição para “eles”, os “inimigos”.
Pois é. O ridículo não tem fim. E é um processo que, ao mesmo tempo, leva os idealistas e seu ideal para o buraco, enquanto enriquece alguns “medalhões”, cujas peripécias são abafadas para que “eles”, os “inimigos”, não sejam municiados.
É esse o resultado prático do dogmatismo. Além, é claro, de militantes muitas vezes pouco informados, já que são treinados para não fazer muitas perguntas.
Alguns protestam contra os ‘transgênicos’, sem ter muita noção do que se tratam. Gritam contra a Alca, sem nem mesmo saber o que significa tal sigla. Discordam do “neoliberalismo”, desconhecendo o significado de “liberalismo” e talvez até mesmo o valor semântico do prefixo “neo”.
Triste, muito triste.
Mas o pior não é saber o que significa uma sigla ou o conceito científico de alguma bandeira. Difícil, de verdade, é dizer o que exatamente quer dizer “esquerda”.
Será que alguém sabe dar uma resposta, nos dias de hoje, sem fazer firulas ou apelar para o sentimentalismo vazio?
Resposta Automática
Se você é um dos que reage a esse tipo de texto dizendo “Direitista! Direitista!”, confirmando a idiotice que acomete parcela considerável da esquerda, vale dar uma lidinha na seguinte explicação:
Este artigo tem por objetivo defender as boas cabeças da esquerda que, infelizmente, não conseguem ter voz no Brasil. A reciclagem da esquerda, como dito no título, seria exatamente uma troca de velhos baluartes por novos pensadores. E isso só faria bem para a ideologia."
Gravatai Merengue - Imprensa Marrom

Achei esse texto muito relevante ao momento político que vivemos atualmente, não concordas Gladiador?! :)

Um comentário:

Perna disse...

Eu, Perna, concordo...