Ah que saudade desse barulinho que por ora me soa lindamente melancólico.
E o mancebo que nunca pode ouvi-lo, morra que é melhor!
OLHOS NÃO SE COMPRAM
Xico Sá
G.R.A.D. Grêmio Recreativo Amigos DesteLado
Certa vez eu estava lá no Caldinho Ele & Ela, agora rebatizado como Confraria do Galo, no Conjunto Tocantins, aquecendo os motores para mais uma apresentação do meu clube do coração, o glorioso Sport Clube do Recife, quando pedi uma cerveja para suavizar o calor infernal que só conhece quem mora aqui nessa ilha chamada Manaus.
O calor fodia tudo, dessas tardes de sábado que tudo que a gente quer é uma piscina, cerveja gelada, churrasco, boa música e, eventualmente, uma presença feminina que adoce a vida. Como isso é querer demais pra quem não tem piscina e nem namorada, me restou pedir ao garçon uma Brahma estupidamente gelada. Porque por essas bandas de cá, a Skol já não é mais a mesma há algum tempo. Quanto a trilha sonora, essa era garantida pelo hino do sport e outras marchinhas e funks entoados pelos rubro-negros presentes.
Devo dizer que o garçon trouxe uma cerveja ao melhor estilo "véu de noiva", geladíssima e sem estar congelada. Mas trouxe também um copo pequeno, com a boca larga, daqueles de tomar uísque. Quando eu ira reclamar, ele já estava longe e fiquei sobrando. Enchi o copo meio a contragosto, eu fiquei olhando, meio desamparado. Tomei o primeiro gole e comecei a articular mentalmente a minha tese de doutorado sobre a importância do copo americano para humanidade. E fiquei, por uns bons minutos, sobre a importância daquele copinho miúdo, que cabe exatamente a quantidade de cerveja que o sujeito necessita naquele instante.
Já na segunda cerveja, pedi para trocar o copo. O garçon me trouxe uma dessas tulipas menores sem muita pompa (peba mesmo) e eu já me dei por satisfeito.
Digo isso porque quando o copo é safado mesmo, como os mais autênticos copos americanos, você pode sentir o gosto da cerveja como ela é. Diferentemente de copos chiques onde há maquiagens ou truques de marketing que podem influênciar(subliminarmente) a opinião do bebedor sobre o sabor da cerveja. Podem me trazer essas tulipas com emblemas pomposos, tamanhos diversos ou tipos de vidro de alta classe, mas não me interessa. Eu gosto mesmo é do copo americano. E me atrevo a lançar um quase-axioma: a cerveja é melhor quando é tomada em copos americanos!
Uma curiosidade: lá nas bandas do meu Pernambuco toma-se um "quartinho" de cana dos botecos mais pé-sujos aos restaurantes mais granfinos da capital. A qualidade da cana pode variar, mas a medida é certa: um quartinho é exatamente um copo americano cheio. Um quartinho tem exatamente 150ml de aguardente. É facil deduzir o porque de se chamar quartinho. Quartinho equivale a 1/4 de 600ml que o conteúdo dessas garrafas de cerveja. Sendo assim, quando se pedir uma cerveja e quatro copos, saiba que é preciso pedir imediatamente mais uma cerveja, pelo menos.
Mas..voltando ao assunto...depois de muitas divagacões, me flagrei numa dúvida existencial: por que o nome do copo americano é copo americano, se ele de americano não tem nada?
Aquele copinho poderia se chamar muito bem copo "brasileiro", "ameríndio" ou ainda mesmo "latino-americano", o que me parece a melhor opção, que seria muito mais adequado. Pensando agora ele até tenha tido esse nome em sua origem e o uso da linguagem tenha jogado o latino fora. Sei lá. Eu até poderia ir lá no Google e fazer uma pesquisa sobre o assunto. Mas não. Esse é o tema que tem ser esclarecido exatamente onde ele começou: na mesa de um bar. Fica essa questão no ar, caros amigosdestelado. Coloquemos-na na pauta da próxima reunião.